terça-feira, 18 de setembro de 2007

sorriso

Hoje tive das mais brilhantes
Imagens da minha vida
Vi-me andando de pés descalços
Passeava sobre as nuvens
Agarrada aos raios solares
Sobre as árvores
De folhas macias
Saciavam-me cócegas
De ternura nos pés
E eu deambulava…
Na minha mão esquerda
Os pensamentos acompanhavam-me
As andorinhas afogueavam
Minha solidão
Eu sorria
Como só sorriu duas a três
Vezes por ano

Não era feliz
Mas senti as picadas indolores
Da Tranquilidade
Por momentos senti
Mil abraços de Buda
E a paz percorreu-me os interstícios
Girava, girava
O sorriso não parava
As lágrimas escorriam-me
Nos olhos até à ponta dos dedos
Riam-se e conversavam
Palavras serenas e coerentes
Com a minha mente

De repente o vento empurrou-me
Desequilibrei-me
E larguei da mão direita
Os raios solares
Estava a cair como flecha
Ai temi novamente o sopro
Da escuridão maquiavélica

Foi então que o vento agarrou-me
Deu-me um abraço carregado de brisa
E disse-me:
Nada temas
Sou somente o vento
Estava a brincar contigo
Sorri
A paz ainda não se vai por ai
Gostei…

Mais tarde
Buda disse-me
Que tinha de ir embora
Tinhas coisas a fazer, caminhos a percorrer
Tinha de deixar de brincar comigo
Com minhas lágrimas alegres
Meus pensamentos
Disse-me que agora podia ir
Pois as andorinhas e a bondade
Protegiam-me de mim mesma
Apertou-me a mão e partiu
Para sonhos distantes

Assim dei-me conta
Que um dia também eu
O poderia fazer
O sol tinha também de ir
O pôr-do-sol deu-se
E poisou-me no chão do planeta
Agradeci-lhe pelo passeio

Continuei meu caminho
Em conversas com lágrimas
Brincalhonas e razões serenas

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