quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Dolorem ipsum


Os dias passam
Passo a passo…
Rastejantes…
O ritmo, o relógio concentrado
Os carros, a televisão, as pessoas
Os olhares maquinados
As crianças berrando
O paizinho e a mãezinha
Não lhes dão o brinquedo desejado
Choram! Enfim! E lá o obtêm
São as novas crianças
Preparem-se!
A consequente geração está chegando…

Ando, passo a passo
Em direcção aos meus objectivos
E também, por si, maquinados
Importantes na sociedade em mi mesma

Ando, passo a passo
É a dolorem ipsum
Porque?
Porque já em publicidades nos comparam a carros
Eu não gosto! Grito! Reclamo!
Mas é a verdade em si mesma …
Pois Máquina sou
Ritmo,ritmo
Sou segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
Sou horas e minutos e nem tempo para escrever
Sou pessoa! Cidadão!
Sou nojo… pois não sou metamorfose
Sou rotina
sou a dolorem ipsum
porque?
Porque… onde estão os sentimentos?
A vontade de viver tudo e de todas as maneiras
Com todas as sensações e emoções

Continuo…
Acordo de manha e lá vou
O que me salva é a música nos ouvidos
Sempre desloco-me um pouco
Da amarga realidade
Passo a passo sigo
O que penso ser meu caminho
De repente, andando, paro
O meu corpo anda, a minha alma pára
Olha para traz
Reflecte e questiona…
Onde estás Deus?
Ficas-te para trás? É que não te sinto?
Berro, rangendo a garganta…
Chamo por Deus
Nada me responde
Deixou-me…

Deus não são máquinas, são sentimentos…
E eu agora sou mais máquina
Onde está o cheiro a bosque, a mar?
O cheiro a sorrisos sinceros? O doce puro da geleia?
O toque suave da pele de bebé?
Onde está o bater dos corações?

Deus não são máquinas, são sentimentos…
E eu agora máquina me tornei
É esta a dolorem impsum (a dor em si mesma)