quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Imagem paralítica

Está na hora de escrever?
Não sei…
Está na hora do nada?
Do tudo? Do algum?

Essa música é demasiado triste…
Diz o estranho…
Achas?
E porquê o triste não poder ser belo?
Porque essa música dói demasiado.
Haaaaaaaaa a dor… a dor…
Tens medo da dor? Não a queres?
Porque dizes isso, tu não lhe tens medo?
Nem sempre...
Ela é sangue em minhas veias
E em mim não me dói como te pode doer a ti.

Em que pensas?
Penso num copo vazio transparente
Em cima de uma mesa prateada
Em parte, embebida com água da chuva
O copo está na ponta da mesa, em atitude propícia a cair
As gotas da chuva caem na mesa molhada
Em cima do seu centro, lentamente
Uma gota, outra gota, outra lágrima…
O mundo para em cada queda
Mil acontecimentos ocorrem por cada pingo

O copo é Somente o sem-abrigo esquizofrénico….
À beira da escada do Banco, à beira da morte famélica
A mesa está entre várias mesas de uma esplanada
As mesas estão todas arrumadas com as cadeiras a si encostadas
Para ninguém se sentar…
Está chuva não faz sentido haver esplanada
Mas esta mesa prateada é a única
Onde as cadeiras estão à sua volta livres
Esperando que alguém se sente
E o copo ali jaz… sempre entre a vida e a…

Tas mesmo triste!
Não, não estou! Para de dizer isso!
Quer dizer sim estou triste.
Mas tu não entendes…
É diferente… é… é…
É como as flores que murcham e secam
Primeiro murchas são feias… vazias…
Mas depois de secas, são belas eternamente
Suas pétalas são agasalhadas dentro de um livro
Onde cada vez que este se abre
O seu agradável cheiro liberta qualquer sorriso preso.