quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A poção

Garras rasgam o céu, verdes e escarlate.

É a relva fundida pelo sangue.

Sangue da perdição, a morte e os sopros dos orgs

Vindos do norte, são frios e vingativos,

Querem matar gentes inocentes

Só para explodirem em alguém o seu degredo.

Mas a relva vem, verde de esperança…

Trazendo novas brisas em sorriso e paz, de dádiva de buda.

A morte cessa interrompida pelo desejo da liberdade, da felicidade Real.

Então os segredos dos equilíbrios desvendam-se…

Salivando nova informação… ai nos dizem, então, a denominada felicidade

Está em ti perpetuada, és tu que te amas a ti e aos seres circundantes…

Tens a chave do paraíso, portanto deixa essa bebedeira insolente

De cremes de sociedade e pensamentos burros e devassos…

Acorda sem bebedeira burra, toma o elixir das trips felizes

Abre a porta do paraíso com a tua chave de alma…

Assim serás livre.

um outro olhar...

Apetece-me sair desta casa, sair desta cidade … Deixar estas gentes. Sem medo, nem receios…
Quero novas cores, novos sabores, conversas novas, diferentes. Que me levem ao lugar mais profundo do pensamento.
Anseio por novos sorrisos, cantares, costumes…
Não quero viver mais algemada pela hipocrisia…
Quero um novo sentir, um novo olhar, um oxigénio puro. Quero novas cores e novas formas.
As drogas às vezes ajudam, dizem eles…
Mas eu não as quero. Alguns rituais também, mas também não sei se os quero…
Que faço? A minha loucura não é bastante para a estes fins chegar…
Por agora só me resta deambular… no meu quarto de abraço dado ao pensamento e ao medo.
Onde giro e giro sem parar, a insegurança canta-nos a música, começa a festa…
Convida o fracasso e as bebedeiras burras… as trips inteligentes ficam lá fora…
Não as deixam entrar, estão demasiado mal vestidos para a festa, dizem os seguranças.
E eu mal acompanhada pelo medo, a insegurança e as bebedeiras burras começo a perder as forças … vomito diarreias de sangue seco.
A incompreensão junta-se à festa, bem vestida de fato e gravata escarlate. Diz para que não me liguem: “ela só precisa de uma noite bem dormida, depois acordará de manha e a rotina volta e controla-a”.
Todos me abandonam, fico sozinha mais o pensamento. Desamparados, sós, incompreendidos… no meio de tanta gente, somos invisíveis…
Morro aos bocados, vomitando o sangue do meu degredo e só meu pensamento me dá seu ombro.
Eu só queria um pouco mais de conhecimento, um pouco de respeito e conversas aprazíveis…
Eu só queria um olhar que me conhece-se, gostava de um dia entrar num barco, que me desse a conhecer tudo isto. De porto em porto íamos nós, eu e o pensamento.
Sorridentes, ansiosos pelos novos conhecimentos, sentimentos e paladares.
Vincadas iriam ficar nossas pegadas, de terra em terra… sem destino, nem data de regresso.
Não há lugar algum que eu encontre o silêncio e a paz que tanto necessito. E aqui não a encontro com toda a certeza.
Quem me dera poder um dia ter uma casa pequena e humilde junto à praia… com mar bravo e azul. Uma espreguiçadeira na varanda. E eu deitada de papel e lápis na mão…
Ar puro, olhar vazio mas feliz. Assim, com os meus 60 anos escreveria até morrer tudo o que quisesse e sentisse.
Só eu, a caneta, o papel, as memórias, os pensamentos, as fotografias do Egipto, do Butão, Paris, Austrália, África, Tibete, Japão, Suíça, Açores, Tailândia, Índia…
Assim ansiava pelo sabor da morte… levemente sozinha, levemente acompanhada…