domingo, 21 de dezembro de 2008

O duende e o país dos sonhos…

No país dos sonhos o céu tem nuvens de algodão doce
No país dos sonhos cheira a maresias de mar
Onde teus lábios mel são e teus olhos pérolas cintilantes se tornam
Neste país a liberdade é verdade
Aqui não temos medo do que somos
Não temos medo do amor
Neste país sou fada e tu duende
Podemos sorrir como crianças
Podemos voar, podemos sonhar sem fronteiras…

Há cascatas de água cintilante
Onde banhos tomamos ao sabor da lua cheia
Sinto a ponta dos teus dedos
Dedos de corpo e dedos de alma
Lambendo-me o corpo, lambendo-me a alma…
Sei de cor cada pedaço teu…
Sei de cor o contorno dos teus olhos doces
Esses olhos que falam sem palavras

És duende…
Pois fazes-me brotar sorrisos em vez de lágrimas
Dás-me o elixir da vida, onde o sentimento é dominante
És duende, pois ensinaste-me a não ter medo de amar
Amar-te é como renascer todos os dias
Sempre com um novo olhar
Amar-te é as gotas restantes da minha esperança
Que quase escasseou mas não se dissipou
Graças a ti, duende mágico
Que tornas-te este país dos sonhos
Na nossa realidade…

(Para o meu duende...)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Dolorem ipsum


Os dias passam
Passo a passo…
Rastejantes…
O ritmo, o relógio concentrado
Os carros, a televisão, as pessoas
Os olhares maquinados
As crianças berrando
O paizinho e a mãezinha
Não lhes dão o brinquedo desejado
Choram! Enfim! E lá o obtêm
São as novas crianças
Preparem-se!
A consequente geração está chegando…

Ando, passo a passo
Em direcção aos meus objectivos
E também, por si, maquinados
Importantes na sociedade em mi mesma

Ando, passo a passo
É a dolorem ipsum
Porque?
Porque já em publicidades nos comparam a carros
Eu não gosto! Grito! Reclamo!
Mas é a verdade em si mesma …
Pois Máquina sou
Ritmo,ritmo
Sou segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
Sou horas e minutos e nem tempo para escrever
Sou pessoa! Cidadão!
Sou nojo… pois não sou metamorfose
Sou rotina
sou a dolorem ipsum
porque?
Porque… onde estão os sentimentos?
A vontade de viver tudo e de todas as maneiras
Com todas as sensações e emoções

Continuo…
Acordo de manha e lá vou
O que me salva é a música nos ouvidos
Sempre desloco-me um pouco
Da amarga realidade
Passo a passo sigo
O que penso ser meu caminho
De repente, andando, paro
O meu corpo anda, a minha alma pára
Olha para traz
Reflecte e questiona…
Onde estás Deus?
Ficas-te para trás? É que não te sinto?
Berro, rangendo a garganta…
Chamo por Deus
Nada me responde
Deixou-me…

Deus não são máquinas, são sentimentos…
E eu agora sou mais máquina
Onde está o cheiro a bosque, a mar?
O cheiro a sorrisos sinceros? O doce puro da geleia?
O toque suave da pele de bebé?
Onde está o bater dos corações?

Deus não são máquinas, são sentimentos…
E eu agora máquina me tornei
É esta a dolorem impsum (a dor em si mesma)

sábado, 20 de setembro de 2008

sem mãos...


Às vezes parece que me faltam mãos
Mãos com poder
Poder para mudar
Poder para transformar
Às vezes parece que só as lágrimas se vertem
E com elas trazem a pouca esperança ainda inerente
Às vezes parece que um sorriso de um pobre velho não me basta
Falta-me o ar, pois sei que tal sorriso é um segundo nos seus mil anos de vida
Sem sorrisos. Só dor, choro pesado…
Onde o choro já jaz morto
As células rastejam pelas fracas veias
Aguardam o fim
O fim de todo os ciclos
De todas as rotinas sanguinárias
Não me chega o brilho dos olhos dos quase felizes
Não me chega as mãos dadas de dois amigos:
Um preto e um branco
Não me bastam esses pequenos brindes
Pois ao virar-me suga-me a alma, um fascista!
Tudo é errado, nada está realmente vivo
Taizé é um paraíso escondido
Um abrigo para os loucos esperançosos
O último olhar de Cristo por nós
Taizé não me chega, pois é refúgio
E eu não quero mais refúgios!
Basta! Não quero mais esperanças!
Não quero mais um sorriso perdido em mil lágrimas
Quero o todo, não a parte…
Quero seres humanos, não carniceiros
Mas…
Mas que digo eu? Sou insolente!
Não vejo que os seres humanos são já carniceiros?
E nada mais, nada, nada, nada…
Só esterco e entranhas em vazio vácuo…

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Silêncio meu

Meu silêncio meu
Tanto te desejo
Tanto te pretendo
Tanto te fujo

É conforme o quotidiano
Às vezes quero e posso
Te ter em meu leito
Outras, quero-te mas não te sinto
Ou não é conveniente te sentir

Meu silêncio meu
Mas afinal quem és?
O que me és?
Espera, aguarda…
Não respondas
Pois no fundo sei o que me representas
E o que canta teu fado,meu.

És aquele que se liberta em mim
Quando não quero Mundo
Quando não quero pessoas e sentidos…
És aquele que cheira o bater da minha pulsação
E vê o que grito, vê o que careço do outro lado
Do outro lado do mundo
Que nem todos têm inerente em si

Sabes a dor
Paz, tranquilidade, serenidade, tristeza
Esperança, melâncolia,
Sonhos para além…
Das nossas mãos e do noss sangue

És o suco negro e doirado do espírito
A anormalidade do social
Da “pessoa” em si…
És a lágrima escorrida,
Só porque é necessária
Só porque é estranha.

Chamo-te silêncio
Pois és o nulo, o nada
O tudo do que é realmente especial
Em mim…
És a folha caida num ribeiro
Que desliza ao sabor
Das leves e fortes correntes do sonho

Foges da terra em direcção ao mar
Foges dos corpos suados
Do “cidadão”, da “fábrica”…
És andorinha, nave, maré…

Meu silêncio meu
Vem
Aparece sempre que quiseres
Pois és o brinde que os deuses
Me concederam à nascença
E em quem me tornaram
Olho brilhante
Negro…
Em corpo de lágrima ensaguentada

Foram estes que me deram deste “silêncio”
E me tornaram no mistério
Do Não mundo…

sexta-feira, 30 de maio de 2008

tic, tac,tic,tac


Sapos, pedras, rosas em água e o assobio longínquo…
Tic, tac, tic, tac
Ai vem ela de pé a pé
Pelas nossas costas como serpente venenosa
Tic, tac, tic, tac
Traz consigo os ventos da eternidade, do descanso
O calor do equilíbrio na água, na luz, nas palavras, na imagem…

O tempo vai morrendo com o seu caminhar
Mas não desiste
Tic, tac, tic, tac
Vem assobiando lentamente
Espalha terror
Todos gritam com Medo
Mal sabem os ignorantes, que ela é a salvação dos dementes

Ai vem ela… a Morte…
Todos lhe fogem, todos a choram
Já a sinto a chegar-me aos poucos
A expirar meu espírito para junto de si
Já sinto o meu corpo a ficar…
Enquanto que a mim me sugam em serenidade
Tenho medo? Não sei…
Penso ser agora somente um vácuo
Um olhar desatento
Sou anestesia em relevos de mel
Nem a dor nem a felicidade me encontram
Sinto-me amortizada
Após tantos anos de espera, tantos anos pelo receio dela
Mas também da ansiedade de ela me vir buscar
E agora? Para onde?
Para um sono doce mas eterno?
Ou para a terra onde o chão é algodão, a água é laranjada
E a hipocrisia é desconhecida

Tic, tac, tic, tac
Quero-te!
Deixo-me ir…
Sinto-me uma pena flutuando por todas as terras, sonhos
Esperanças esquecidas… desejos minguados…
Agora mesmo querendo, já não sinto a dor

Tic, tac, tic, tac
Adeus carcaça do corpo e do tempo
Agora finalmente vejo com a alma...

terça-feira, 27 de maio de 2008

...

Será que ainda sei escrever?
Sempre que começo um poema
Parece que me falta as palavras e tenho receio

Mas depois as palavras encontram-me e começamos
A dança das lembranças, dos choros, das alegrias, das insanidades, dos voos eternos
E assim começa mais uma viagem ao mundo dos sonhos vivos
E da morte do meu ser…
As lágrimas fazem fila dentro dos meus olhos…
O meu corpo treme e a minha alma liberta-se na poesia

Hoje venho falar nem sei bem o que…
Às vezes choro e agonio-me simplesmente
Porque assim nasci e assim morrei…

Agora quero silêncio e madrugada
A beleza, melhor do dia
Tanto a amo, tanto a sou
Os pensamentos aqui batem-me nos olhos e teimam em brincar
Saem cá para fora como andorinhas se tratassem e choram mesmo em sorriso

Ai e a solidão!
A pior e a melhor companheira
Fazem-me reflectir e dou-me conta
Que mesmo na multidão ela é a minha melhor amante

Os amigos… são o que há de melhor, são tudo e são nada
Dão-nos sorrisos, abraços, palavras doces e… por vezes espezinham-nos
Todo o corpo e coração
Uma apóstrofe permanente
A verdade é que sem eles a vida é cinzenta…
E nem daria frutos

Ai ai, se não é isto é aquilo
Ai ai, meu coração e minha alma
Nunca se entendem, nunca se querem
Na serenidade me encontro
Mas continuo vagueando por sensações e terras
Onde a paz está patente mas a dor é já a pele do meu espírito
Só queria alguém que amasse as minhas palavras
Não falo de um amor
Porque esse felizmente já o tenho

Só queria uma alma que lesse os meus olhos
E respirasse minhas lágrimas

quinta-feira, 8 de maio de 2008

não queremos esta educação

As crianças fogem dos docentes
Como quem do fogo foge…
Fogo escaldante na brasa e martírios inerentes
O nojo que lhes é a solidão
Esgota-lhes o cérebro
E a falta de compreensão é picante
Em frangos mal mortos
Os sorrisos são divagação
A dança é somente o choro
Dos meninos que eu transbordo em peso de aço
Ferro ferrugento e carcaças ocas…
Salvem-nos por favor!
Esta na hora do despertar bruto

Esta na hora de cartazes
Que criticam problemas
E não caprichos!
Esta na hora da luta pelo o ser humano
Onde nem os docentes nos podem manipular
Fora a estas hierarquias nojentas!
Que só me dão vontade de vomitar os degredos dos outros
Embaraçados na decadência dos pobres de espírito
Que utopia pensa ser a sociedade
Com o seu desejo de perfeição
Como se trata-se de robôs, seu objecto
Já nem animais somos
Agora somos esqueletos só com ânus e metade do cérebro

Pobres das fadas que ainda por ai voam
Que sós se sentem
Que sós são
Neste imenso mundo de ogres …

sexta-feira, 18 de abril de 2008

cinza...

Um preto cinza, é o que sou agora…
Não sou nem felicidade pura, nem tristeza pura
Sou medo não o querendo
Sou negativismo não o querendo ter
As ondas da vida são mais pequenas e medíocres
O meu choro é calado e brando
Por mais que a tranquilidade me domine em momentos alguns
Permaneço com o meu fado que aprendi a amar
Agora é parasita entranhada, para todo sempre
Ou até um dia em que as forças me esgotem na totalidade
E morra vegetal

Lá estou eu novamente a falar em morte e diarreias cerebrais
Agora há amor e sorrisos
Preocupações, leves, quotidianas
Mágoas pela natureza deste mundo
Dor pela imagem da doença e da fome de quem as sente
A mim existem, agora, os embalos das fadas mágicas
Que me mergulham em esperança e me besuntam com equilíbrio
O ar estagnou, já não dói como facada profunda
No entanto lá vem o fado
Me fazendo sentir perdida em tanta realidade
Onde os sonhos mágicos e transcendentais
Só me assopram no meu sono
O receio desta vida básica e pouco preenchida
É teimoso no ventre receoso do meu ser
Os livros já não bastam para os meus olhos
Pois neles inerente esta, o desejo…
De novos céus que puxam em brutal força
A visão lânguida por novos mundos, cores e sombras
Pedras em flor, vidraças em fogo
O surreal…

Mas… gosto desta calma sorridente
Desconfio dela e amedronto-me inclusive
Mas… quero-a
Quero sim este paladar de sussurros apaziguadores
Que me zumbem ao ouvido, contando-me histórias, belas, mil
Onde o mel era dado aos ambiciosos e senhores do poder
Estes deliciavam-se
E com mel se contentavam
Acabava as mortes inocentes e seus olhares em flor
Se tornavam

As minhas mãos já não tremem com medo dos tubarões
Mas até quando?
Eles perseguem-me… sei bem
Porem serei forte
Já sinto o sopro do positivismo

domingo, 2 de março de 2008

o equilíbrio em imagem

O equilíbrio…
Quadrado em junção, com os pontos de união
Eis o caçador de sonhos
Lambido de metralhadoras
Supostamente cívicas, de boa ética e palavras douradas
Tudo Mentira!
Acorda e vê…
Não vale a pena negarmos nossas acções e origens
A culpa é deveras nossa
Mas somos por um lado vítimas
Destas civilizações em massa

O que nos vale é a cor da natureza e da pouca alma
Ainda nos intrínseca
O cheiro de linhas rectas
Ainda é esperança
Em nossos corpos e espíritos
O olhar é engano
O bater do coração a última luz
Só nos resta libertarmo-nos deste sono
E finalmente respirar…

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A poção

Garras rasgam o céu, verdes e escarlate.

É a relva fundida pelo sangue.

Sangue da perdição, a morte e os sopros dos orgs

Vindos do norte, são frios e vingativos,

Querem matar gentes inocentes

Só para explodirem em alguém o seu degredo.

Mas a relva vem, verde de esperança…

Trazendo novas brisas em sorriso e paz, de dádiva de buda.

A morte cessa interrompida pelo desejo da liberdade, da felicidade Real.

Então os segredos dos equilíbrios desvendam-se…

Salivando nova informação… ai nos dizem, então, a denominada felicidade

Está em ti perpetuada, és tu que te amas a ti e aos seres circundantes…

Tens a chave do paraíso, portanto deixa essa bebedeira insolente

De cremes de sociedade e pensamentos burros e devassos…

Acorda sem bebedeira burra, toma o elixir das trips felizes

Abre a porta do paraíso com a tua chave de alma…

Assim serás livre.

um outro olhar...

Apetece-me sair desta casa, sair desta cidade … Deixar estas gentes. Sem medo, nem receios…
Quero novas cores, novos sabores, conversas novas, diferentes. Que me levem ao lugar mais profundo do pensamento.
Anseio por novos sorrisos, cantares, costumes…
Não quero viver mais algemada pela hipocrisia…
Quero um novo sentir, um novo olhar, um oxigénio puro. Quero novas cores e novas formas.
As drogas às vezes ajudam, dizem eles…
Mas eu não as quero. Alguns rituais também, mas também não sei se os quero…
Que faço? A minha loucura não é bastante para a estes fins chegar…
Por agora só me resta deambular… no meu quarto de abraço dado ao pensamento e ao medo.
Onde giro e giro sem parar, a insegurança canta-nos a música, começa a festa…
Convida o fracasso e as bebedeiras burras… as trips inteligentes ficam lá fora…
Não as deixam entrar, estão demasiado mal vestidos para a festa, dizem os seguranças.
E eu mal acompanhada pelo medo, a insegurança e as bebedeiras burras começo a perder as forças … vomito diarreias de sangue seco.
A incompreensão junta-se à festa, bem vestida de fato e gravata escarlate. Diz para que não me liguem: “ela só precisa de uma noite bem dormida, depois acordará de manha e a rotina volta e controla-a”.
Todos me abandonam, fico sozinha mais o pensamento. Desamparados, sós, incompreendidos… no meio de tanta gente, somos invisíveis…
Morro aos bocados, vomitando o sangue do meu degredo e só meu pensamento me dá seu ombro.
Eu só queria um pouco mais de conhecimento, um pouco de respeito e conversas aprazíveis…
Eu só queria um olhar que me conhece-se, gostava de um dia entrar num barco, que me desse a conhecer tudo isto. De porto em porto íamos nós, eu e o pensamento.
Sorridentes, ansiosos pelos novos conhecimentos, sentimentos e paladares.
Vincadas iriam ficar nossas pegadas, de terra em terra… sem destino, nem data de regresso.
Não há lugar algum que eu encontre o silêncio e a paz que tanto necessito. E aqui não a encontro com toda a certeza.
Quem me dera poder um dia ter uma casa pequena e humilde junto à praia… com mar bravo e azul. Uma espreguiçadeira na varanda. E eu deitada de papel e lápis na mão…
Ar puro, olhar vazio mas feliz. Assim, com os meus 60 anos escreveria até morrer tudo o que quisesse e sentisse.
Só eu, a caneta, o papel, as memórias, os pensamentos, as fotografias do Egipto, do Butão, Paris, Austrália, África, Tibete, Japão, Suíça, Açores, Tailândia, Índia…
Assim ansiava pelo sabor da morte… levemente sozinha, levemente acompanhada…