sábado, 20 de setembro de 2008

sem mãos...


Às vezes parece que me faltam mãos
Mãos com poder
Poder para mudar
Poder para transformar
Às vezes parece que só as lágrimas se vertem
E com elas trazem a pouca esperança ainda inerente
Às vezes parece que um sorriso de um pobre velho não me basta
Falta-me o ar, pois sei que tal sorriso é um segundo nos seus mil anos de vida
Sem sorrisos. Só dor, choro pesado…
Onde o choro já jaz morto
As células rastejam pelas fracas veias
Aguardam o fim
O fim de todo os ciclos
De todas as rotinas sanguinárias
Não me chega o brilho dos olhos dos quase felizes
Não me chega as mãos dadas de dois amigos:
Um preto e um branco
Não me bastam esses pequenos brindes
Pois ao virar-me suga-me a alma, um fascista!
Tudo é errado, nada está realmente vivo
Taizé é um paraíso escondido
Um abrigo para os loucos esperançosos
O último olhar de Cristo por nós
Taizé não me chega, pois é refúgio
E eu não quero mais refúgios!
Basta! Não quero mais esperanças!
Não quero mais um sorriso perdido em mil lágrimas
Quero o todo, não a parte…
Quero seres humanos, não carniceiros
Mas…
Mas que digo eu? Sou insolente!
Não vejo que os seres humanos são já carniceiros?
E nada mais, nada, nada, nada…
Só esterco e entranhas em vazio vácuo…