sexta-feira, 30 de maio de 2008

tic, tac,tic,tac


Sapos, pedras, rosas em água e o assobio longínquo…
Tic, tac, tic, tac
Ai vem ela de pé a pé
Pelas nossas costas como serpente venenosa
Tic, tac, tic, tac
Traz consigo os ventos da eternidade, do descanso
O calor do equilíbrio na água, na luz, nas palavras, na imagem…

O tempo vai morrendo com o seu caminhar
Mas não desiste
Tic, tac, tic, tac
Vem assobiando lentamente
Espalha terror
Todos gritam com Medo
Mal sabem os ignorantes, que ela é a salvação dos dementes

Ai vem ela… a Morte…
Todos lhe fogem, todos a choram
Já a sinto a chegar-me aos poucos
A expirar meu espírito para junto de si
Já sinto o meu corpo a ficar…
Enquanto que a mim me sugam em serenidade
Tenho medo? Não sei…
Penso ser agora somente um vácuo
Um olhar desatento
Sou anestesia em relevos de mel
Nem a dor nem a felicidade me encontram
Sinto-me amortizada
Após tantos anos de espera, tantos anos pelo receio dela
Mas também da ansiedade de ela me vir buscar
E agora? Para onde?
Para um sono doce mas eterno?
Ou para a terra onde o chão é algodão, a água é laranjada
E a hipocrisia é desconhecida

Tic, tac, tic, tac
Quero-te!
Deixo-me ir…
Sinto-me uma pena flutuando por todas as terras, sonhos
Esperanças esquecidas… desejos minguados…
Agora mesmo querendo, já não sinto a dor

Tic, tac, tic, tac
Adeus carcaça do corpo e do tempo
Agora finalmente vejo com a alma...

terça-feira, 27 de maio de 2008

...

Será que ainda sei escrever?
Sempre que começo um poema
Parece que me falta as palavras e tenho receio

Mas depois as palavras encontram-me e começamos
A dança das lembranças, dos choros, das alegrias, das insanidades, dos voos eternos
E assim começa mais uma viagem ao mundo dos sonhos vivos
E da morte do meu ser…
As lágrimas fazem fila dentro dos meus olhos…
O meu corpo treme e a minha alma liberta-se na poesia

Hoje venho falar nem sei bem o que…
Às vezes choro e agonio-me simplesmente
Porque assim nasci e assim morrei…

Agora quero silêncio e madrugada
A beleza, melhor do dia
Tanto a amo, tanto a sou
Os pensamentos aqui batem-me nos olhos e teimam em brincar
Saem cá para fora como andorinhas se tratassem e choram mesmo em sorriso

Ai e a solidão!
A pior e a melhor companheira
Fazem-me reflectir e dou-me conta
Que mesmo na multidão ela é a minha melhor amante

Os amigos… são o que há de melhor, são tudo e são nada
Dão-nos sorrisos, abraços, palavras doces e… por vezes espezinham-nos
Todo o corpo e coração
Uma apóstrofe permanente
A verdade é que sem eles a vida é cinzenta…
E nem daria frutos

Ai ai, se não é isto é aquilo
Ai ai, meu coração e minha alma
Nunca se entendem, nunca se querem
Na serenidade me encontro
Mas continuo vagueando por sensações e terras
Onde a paz está patente mas a dor é já a pele do meu espírito
Só queria alguém que amasse as minhas palavras
Não falo de um amor
Porque esse felizmente já o tenho

Só queria uma alma que lesse os meus olhos
E respirasse minhas lágrimas

quinta-feira, 8 de maio de 2008

não queremos esta educação

As crianças fogem dos docentes
Como quem do fogo foge…
Fogo escaldante na brasa e martírios inerentes
O nojo que lhes é a solidão
Esgota-lhes o cérebro
E a falta de compreensão é picante
Em frangos mal mortos
Os sorrisos são divagação
A dança é somente o choro
Dos meninos que eu transbordo em peso de aço
Ferro ferrugento e carcaças ocas…
Salvem-nos por favor!
Esta na hora do despertar bruto

Esta na hora de cartazes
Que criticam problemas
E não caprichos!
Esta na hora da luta pelo o ser humano
Onde nem os docentes nos podem manipular
Fora a estas hierarquias nojentas!
Que só me dão vontade de vomitar os degredos dos outros
Embaraçados na decadência dos pobres de espírito
Que utopia pensa ser a sociedade
Com o seu desejo de perfeição
Como se trata-se de robôs, seu objecto
Já nem animais somos
Agora somos esqueletos só com ânus e metade do cérebro

Pobres das fadas que ainda por ai voam
Que sós se sentem
Que sós são
Neste imenso mundo de ogres …