terça-feira, 18 de setembro de 2007

Piano e Pianista



Os copos de vinho espalhados
De um Porto amargo gostoso
O teu cheiro
O meu aroma
A televisão está ligada ao fundo
Em silêncio
Não está escuro completo
A lua penetra serenamente
No quarto…
Os cortinados deliciam-se
Com o vento
Os lençóis são brancos
Trocamos fluidos de amor
A roupa está espalhada e sorri
No abraço do chão frio
A cama está quente
Fez-se amor? Não
O amor não se faz, existe…
Nesta cama o amor não se fez
Sentiu-se
A tua pele suave
Quente com a minha
As almofadas aconchegam
Nosso sono tranquilo
Dormimos abraçados
Aqui há amor
Senti a tua alma invadir meus olhos
Conheci-te na íntegra
Tu a mim igualmente
Saboreaste-me a vida
Oiço o vento
Ou será antes os anjos
Benzendo nosso amor
Nosso sentir
As velas persistem acesas
Iluminando nossos nus
Quase choramos ao acordar
Uma alegria inexistente
Temos medo
Que tenha sido sonho

Não o foi prometo-te
A brisa sopra-nos os corpos
As nossas mãos não se largam
Bebemos do nosso olhar
Horas e horas
E nada importa
Só nosso sentir
Os teus lábios deram-me a conhecer
O fruto mais suave dos mundos
O meu pensamento
Só tu compreendeste
Sou um piano gritando melodia
E tu meu pianista
Salivando minhas notas

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bonito, inspirador, parabéns à quem escreveu.