terça-feira, 18 de setembro de 2007

cárcere

Uma mesa suja
Um lápis carregado
Uma mão negra de sentimento
Uma folha branca
Quero-vos dar a conhecer
O enigma das minhas mãos
E do meu rosto perdido
Algures no canto do meu quarto
Quero-vos dar a provar
Das minhas lágrimas dum azedo doce
Quero-vos dar a sentir
Estes dedos ensopados
De sangue congelado

Comecemos então:
Hoje sou cárcere
A minha alma dança com fresas
Numa arriba desencorajada
Num mar de pedras vivas de cor
E mortas de vida
Meu coração foge da sua sombra sífilis
O meu denodo
Faz-me ver o mundo ao contrário
Onde até os peixes
Estão em pleno estado de esquizofrenia
O meu Equilíbrio
Há muito está enterrado
Nos meus olhos
Cor de cereja
Escarlate, Escarlate…
Onde vincadas estão as minhas unhas
Que teimam em separar-se dos dedos
E da minha saliva?
Que é feito da minha saliva?
Fugiu com pavor das minhas palavras vertidas
Onde a minha fala é audaz
Mas dança com suspiros
De nuvens brancas

Do meu medo
Só o meu pânico se preocupa
Medo e Pânico
Unha com carne
Sestas viscosas de respiração sois
Amam às flores do seu jardim
E matam os bichos-da-seda
Interrompem a metamorfose das borboletas
Deixando-as em larva
Patenteiem juízo!
Cessem-se num caixão branco!
Enterrem-se na lama dos meus olhos
Despertos
Sem sono
Sem sonho
Puta da sangria
Da minha alma
Vê se respiras morangos e laranjada
E dás boa noite ao teu cárcere.

Sem comentários: