domingo, 16 de março de 2014

ninguém

Um dia fiz um poema do Ninguém
Era um poema d’Amor
O primeiro e o último
Que as minhas mãos em medo escreveram
Marcaram logo a utopia da tua existência
Não tinhas caras nem pele
Eras um beijo InEsquecido
De um sonho correndo de um pesadelo
Ainda sem olhos amei-te platonicamente
Questionando sem findar
Qual era o mar dos teus olhos
Qual era o fogo da tua paixão
Qual era o ar das tuas palavras
A terra dos teus pés
E a espada da demanda dos teus segredos
Perguntei a todos os rios
A corrente para te encontrar
Perguntei à lua em que desertos pairava a tua sombra
Tempos vieram, foram e são…
E nas danças que dancei encontrei-te…
Em alguns anos, por vezes em alguns dias, às vezes sempre
Mas noutros senti-te apenas num desejo verosímil
Eras tu e depois não eras, és, foste, serás
Mais tarde serás ou não mais…
E no meio deste furacão eu já te confundia comigo
E os teus olhos se tornavam os meus
Eu preferia estar sozinha
O meu coração me expulsava e eu partia
Para novos naufrágios
Num barco sem remos
Quem és tu que me voltavas sempre a encontrar?
Com uma nova voz
Que parece que é a minha do Sempre
O tempo parava, eu observava mas já não eras tu
Esse ninguém do poema
É muito mais que um amor a viver
É a escada dos meus passos
Da luz do meu encontro
Quem és tu que me achas e depois me foges?
Quantas cores tens?
És a água, o fogo, o ar Mas é na terra que permaneces
E eu na lua vou navegando
És de todos os contos, de todos os mitos, de todos os povos

A tua procura é cansaço
E o sol e a lua somente Sós têm lugar

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