quinta-feira, 1 de novembro de 2007

cuspo


Às vezes parece que ando sem andar realmente
Às vezes parece que as coisas me falham as mãos
As decisões são enganos
Os enganos são náuseas de incerteza
Às vezes parece que deambulo sobre um fio esticado
Prestes a cair
Prestes a morrer quem sabe
Vejo a fome
A guerra
Tortura…
O não respeito
Esqueletos, calçadas de ossos humanos…
Moscas em corpos fracos
A não misericórdia
O amor endinheirado
A saliva do poder
Almofadas de cabelo
Dentaduras em massa…
Corpos nus, mais do que magros
Esqueletos humanos
De olhos sem vida

Expiraram-lhes a alma
Sugaram-lhes a vida
Tornaram-lhes robôs do sofrimento
Tornaram-lhes o resultado da equação da nossa maldade
Do desumano que somos
Do nosso egoísmo, do nosso egotismo…

Agora só queremos festas, licor, calçado e invejas…
Agora só queremos descapotáveis e verniz…
Jogos de bola e casamentos temporários
Filhos “geração mp3”
Jogos de vídeo, vivendas, casinos e “falatar” e “falatar”
O amor pouco era antes, agora cada vez mais cessa
Cada vez mais nos detestamos e não o admitimos
Agora somos divórcio e sensacionalismo americano
A bondade escassa, o amor foge com medo do ser humano
A amizade já é monopólio
Continuamos conscientes do nosso inconsciente
Continuamos a dançar e a comer com sorrisos
Enganamo-nos e mudamos de canal
Quando choros e fome estão na tv
É mais fácil mudar de canal ao invés de darmos uma mão solidária
Fugimos de um dever
No fundo fugimos de nós mesmos
Fugimos com medo do inferno
Sabendo que nele já estamos inerentes
Devassos somos ao fugir
Engolimos as lágrimas preguiçosas da verdade
Continuam os sorrisos
Continuam as calçadas humanas
Continua os robôs do sofrimento
Abandonados por nós
E mais tarde a esperança desvanece
E já nem em eles confiam, já nem em eles amam
O nazismo existiu, carniceiro de almas e gentes inocentes
Mas não acabou…
Outros tipos de “nazismos” prevalecem
Às vezes sozinha parece que oiço os gritos e choros angustiantes…
Aí todo o meu corpo gela e a minha fé escasseia

Somos somente o cuspo do nojo de nós mesmos…

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